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Mesmo diante das tensões geopolíticas no Oriente Médio, Dubai pode ser uma aposta para quem busca proteger e escalar o patrimônio fora do Brasil, segundo especialistas. A explicação está em uma combinação que reúne estabilidade política, ambiente regulatório moderno, crescimento econômico robusto e isenção de impostos sobre ganhos de capital, herança e dividendos para pessoas físicas.
Quem está de olho na região é Charluan Gamballe, CEO da GCS Capital, gestora especializada em internacionalização de investimentos. ”Hoje tem sido cada vez mais latente a exposição de Dubai e dos Emirados Árabes Unidos como um grande hub de negócios e investimento global. E não deixaria de ser diferente para os brasileiros”, falou.
Segundo ele, Dubai mantém uma postura de neutralidade política e é considerada uma das cidades mais seguras do mundo. Ao mesmo tempo, setores como turismo, tecnologia, logística e imóveis seguem em rápida expansão, impulsionando a economia local. “As empresas oferecem retornos atrativos, muitas vezes superiores aos dos mercados tradicionais, com menor carga tributária”.
Qualquer investidor com passaporte válido, comprovante de residência e declaração de Imposto de Renda consegue abrir conta em corretoras internacionais que dão acesso às bolsas locais, segundo Gamballe.
A regulação do mercado é feita pela Securities and Commodities Authority (SCA), autoridade federal criada em 2000 equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que vem aprimorando as regras de governança, transparência e proteção ao investidor.
Não há valor mínimo obrigatório para começar a investir – o tamanho do aporte depende mais do perfil e dos objetivos do investidor. Porém, quem pretende obter o chamado Golden Visa, que dá direito à residência por dez anos nos Emirados Árabes, precisa aportar cerca de 2 milhões de Dirhams (moeda oficial dos Emirados Árabes Unidos) , o equivalente a aproximadamente US$ 550 mil ou R$ 3,2 milhões.
A principal bolsa da região é o Dubai Financial Market (DFM), além da Nasdaq Dubai, que concentra empresas mais internacionalizadas. Apesar de ainda ter liquidez moderada, elas abrigam grandes empresas dos setores de infraestrutura, construção, logística, portos, transporte público e bancos islâmicos. O índice que segue a bolsa subiu quase 10% neste ano, ante 5,15% do S&P 500.
Também há companhias controladas pelo governo local, que se beneficiam diretamente da expansão urbana e populacional do emirado – e pagam bons dividendos. ”As ações de Dubai vem apresentando bom desempenho em termos dos pagamentos de dividendos”, disse Faisal Hasan, CIO e head de asset management da Al Mal Capital, em entrevista à CNBC nesta semana.
De acordo com dados da plataforma Trading View, há empresas na região com dividend yield (taxa de retorno somente com dividendos) de até 11%. No pais, há isenção total de impostos sobre ganho de capital sobre proventos e sobre herança para pessoas físicas.
Na renda fixa, o destaque são os títulos emitidos por governos e grandes corporações locais, muitas vezes chamados de sukuks – instrumentos que seguem os princípios da lei islâmica. Eles costumam ser lastreados em dólar e têm rendimento médio anual entre 3% e 4%.
“O rendimento médio é muito abaixo comparado à renda fixa no Brasil”, disse Gamballe. “Mas você tem o lastro em dólar e o Dirham tem uma taxa cambial travada em 3,65 dólares. Então, você tem uma dolarização desses títulos”, completou.
Quem prefere uma abordagem mais passiva pode optar por ETFs (fundos de índice) com exposição ao Oriente Médio. A maioria desses produtos está listada nos Estados Unidos, em bolsas como a NYSE, mas é possível acessá-los por meio de corretoras brasileiras com plataforma internacional.
“Você encontra ETFs com foco nos Emirados Árabes, na Arábia Saudita e em toda a região do Golfo, muitos deles geridos por grandes gestoras como a BlackRock”, afirmou o CEO da GCS Capital. O acesso tem sido facilitado, inclusive, por bancos de investimento brasileiros que já oferecem essa ponte.
Apesar dos atrativos, investir em Dubai exige atenção. O primeiro ponto é a liquidez: como se trata de um mercado ainda pouco globalizado, ações e títulos podem ter baixa negociação. Isso limita saídas rápidas e exige visão de médio a longo prazo.
Outro cuidado fundamental é com a exposição cambial. Como os ativos estão indexados ao dólar, o investidor brasileiro deve considerar o impacto da oscilação do real na rentabilidade final.
Há ainda as obrigações fiscais. O brasileiro precisa declarar seus ativos ao Fisco no Brasil e manter a documentação em dia. “Os ganhos obtidos no exterior estão sujeitos às obrigações fiscais brasileiras, sendo necessário seguir tanto a legislação vigente no Brasil quanto as regras do país de origem”, disse Gamballe.
The post Investir em Dubai? Emirados seguem atrativos mesmo em meio a tensões na região appeared first on InfoMoney.
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